quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Coluna Jornal de Jequié - A Realidade Médica


No último mês de outubro, quando da passagem do dia do Médico, tive a oportunidade de ler várias revistas, jornais e artigos, versando sobre a realidade da Medicina no Brasil, e mais especificamente na Bahia.

Interessante e elucidante reportagem da revista Vida e Ética do CREMEB, revela que no Brasil somos cerca de 330 mil médicos, e como a população brasileira está em torno de 190 milhões de habitantes, dá uma média de 1 médico para cada 578 pessoas, muito próxima da dos Estados Unidos, que é de 1 para cada 411 pessoas, o que mostra que o Brasil não está assim tão defasado em termos numéricos em relação a um país de 1º mundo, parâmetro em Medicina no mundo.

Em relação a Bahia, somos 15.500 profissionais, o que representa uma média de 1 médico para cada 961 pessoas, de uma maneira geral. O problema reside, segundo a matéria, na distribuição dos Médicos.

De fato, pelos números apresentados, 66% deles trabalham em Salvador e região metropolitana, onde residem 3,8 milhões de pessoas, e apenas 34% atuam no interior da Bahia, onde moram mais 14,6 milhões de habitantes.

Em Jequié atuam 237 médicos, para uma população no recente censo de 150 mil habitantes, o que dá uma média de 1 para cada 633 pessoas, bem próximo da média nacional, e porque não dizer, da dos EUA. Mas há mais de 100 municípios na Bahia onde não reside nenhum médico.

E as razões levantadas pelo CREMEB para esta discrepância são várias, dentre elas a inexistência de um plano de carreira, cargos e vencimentos do estado, a semelhança do que acontece no Judiciário. Será que o Médico não exerce uma função social tão relevante quanto um juiz, um promotor?

Outra questão levantada é a falta de segurança empregatícia para o Médico poder exercer sua profissão com autonomia. Como não há concursos, na quase totalidade das cidades do interior, a semelhança de Jequié, o Médico é nomeado pelo gestor, ficando a sua mercê, e em muitos casos sendo descartado se o sucessor for de uma corrente política contrária ao gestor que o nomeou. Nas faculdades de Medicina, o estudante aprende a ser Médico, e não político, e tem que exercer seu papel de cuidar e salvar vidas com total autonomia e segurança.

Além disso, outras razões listadas para a carência de Médicos no interior incluem a falta de estrutura de várias cidades, sem ofertas de serviços, sem opções de lazer, sem possibilidades de o profissional manter um constante aprimoramento técnico, e sem um bom sistema de educação para os filhos.

Particularmente, acredito que Jequié tem melhorado muito nesses últimos aspectos, embora ainda esteja muito longe de oferecer todos os atrativos de uma capital, como Salvador, ou até mesmo de municípios do interior, como Feira de Santana, Vitória da Conquista e Itabuna, cidades que têm o dobro e até o triplo de Médicos do que Jequié, e com uma infra-estrutura bem mais atraente.

Mas de fato, pelo menos nos últimos 5 anos em que acompanhei de perto a cidade, a Medicina de Jequié cresceu bastante, tanto em quantidade como em qualidade, tanto na rede pública como privada, culminando com a Faculdade de Medicina da UESB.

Acredito que isso mostra que nossos gestores estiveram atentos, e que não podemos agora andar para trás, e idéias retrógradas de corte de vencimentos e de diminuição de investimentos na saúde devem ser abolidas, pois a saúde junto com a educação são o maior bem da população.

2 comentários:

  1. Li seu blog e gostei. Também tenho poesias. Gostaria que acompanhasse o meu blog todas as quintas-feira. HTTP://SANFERRPRESS.BLOGSPOT.COM
    Atenciosamente,
    SANFERR

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