terça-feira, 30 de novembro de 2010
Sonho
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
-Cecília Meireles-
É um Sonho esta Vida
É um sonho esta vida,
mas um sonho febril de um instante único.
Quando dele se acorda,
vê-se que tudo é só vaidade e fumo...
Oxalá fosse um sonho
bem profundo e bem longo,
um sonho que durasse até á morte!...
Eu sonharia com o meu e teu amor.
domingo, 28 de novembro de 2010
Coluna Jornal de Jequié - Dengue: até quando?
O Brasil, que já teve o mosquito Aedes aegypti erradicado na década de 50, controlando assim a doença, vem agora década a década apresentando cada vez mais casos de dengue. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de casos em todo o mundo vem dobrando nas últimas cinco décadas. No Brasil a situação é ainda mais alarmante.
Os dados revelam que houve uma progressão no número de casos desde 2004, quando o país registrou 112 mil infectados. Em 2005, esse índice passou para 204 mil, saltando para 346 mil em 2006 e para 560 mil em 2007, representando dois terços de todos os casos registrados nas Américas. Em 2010, até o dia 16 de outubro, foram notificados 936.260 casos de dengue clássica no país, com 592 casos fatais. E eu fico me perguntando aonde vamos parar?
Em 2010, até o momento, foram notificados 50.546 casos de dengue na Bahia. Aqui em Jequié, que mal se recuperou da terrível epidemia ocorrida há 2 anos, inclusive com alguns casos fatais de dengue hemorrágica, o risco de uma nova epidemia já se torna iminente, de acordo com o LIRA (Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti) de alguns de nossos bairros.
O mosquito transmissor da doença vive nas áreas urbanas, e nos períodos de chuva, encontra nos objetos que acumulam água o local ideal para se reproduzir e assim transmitir o vírus da dengue ao ser humano, deflagrando a cada ano uma nova epidemia.
São quatro tipos de vírus causadores da doença, e a cada epidemia um, ou até alguns dos tipos se manifestam. Esse fato impede, até o momento, o desenvolvimento de uma vacina, que estimularia o organismo a produzir anticorpos contra um ou dois tipos de vírus, mas o deixaria vulnerável aos outros, e susceptível ao desenvolvimento da dengue hemorrágica.
Assim, uma mudança no programa de controle da doença por parte do poder público aliada a uma grande mobilização da sociedade é a principal forma de evitar novas epidemias. Em grande parte dos casos, o foco da doença é na própria casa do doente, fato que poderia ser evitado por ele mesmo ou por sua família.
A melhor maneira de combater a dengue é não deixar o mosquito nascer. Para isso, é preciso acabar com os criadouros. Nunca deixe água, mesmo limpa, ficar parada em qualquer tipo de recipiente, como garrafas, pneus, bacias, etc. Lave bem os pratos dos vasos de plantas, passando um pano ou bucha para eliminar os ovos dos mosquitos e coloque areia nos recipientes.
Elimine ou mantenha os pneus que estão fora de uso em lugar coberto. Guarde as garrafas vazias de cabeça para baixo, jogue no lixo copos descartáveis, tampinhas de garrafa, latas e tudo o que acumule água. Mantenha o lixo sempre fechado.
Trate a água da piscina com cloro. Limpe uma vez por semana. Se não for usá-la, cubra bem. Mantenha as caixas-d'água, cisternas, tambores, poços e outros depósitos de água sempre bem fechados.
Prevenir é a melhor forma de tratamento. Devemos ter em mente que cuidando apenas da nossa casa, do nosso quintal, já estamos cuidando da nossa saúde, da saúde dos nossos filhos, da nossa família e dos nossos vizinhos.
sábado, 20 de novembro de 2010
Além de Nós
E se te perguntarem meu amor
O que somos nós, além de nós...
Somos o mundo e o infinito
Além de sermos lugar algum
Somos dueto nunca finito
Além de sermos apenas um
Somos os sonhos dos que agora dormem
Além dos olhos dos que já acordaram
Somos tudo isso e mais, e além
Do bem de todos que já se amaram
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Coluna Jornal de Jequié - A Realidade Médica
No último mês de outubro, quando da passagem do dia do Médico, tive a oportunidade de ler várias revistas, jornais e artigos, versando sobre a realidade da Medicina no Brasil, e mais especificamente na Bahia.
Interessante e elucidante reportagem da revista Vida e Ética do CREMEB, revela que no Brasil somos cerca de 330 mil médicos, e como a população brasileira está em torno de 190 milhões de habitantes, dá uma média de 1 médico para cada 578 pessoas, muito próxima da dos Estados Unidos, que é de 1 para cada 411 pessoas, o que mostra que o Brasil não está assim tão defasado em termos numéricos em relação a um país de 1º mundo, parâmetro em Medicina no mundo.
Em relação a Bahia, somos 15.500 profissionais, o que representa uma média de 1 médico para cada 961 pessoas, de uma maneira geral. O problema reside, segundo a matéria, na distribuição dos Médicos.
De fato, pelos números apresentados, 66% deles trabalham em Salvador e região metropolitana, onde residem 3,8 milhões de pessoas, e apenas 34% atuam no interior da Bahia, onde moram mais 14,6 milhões de habitantes.
Em Jequié atuam 237 médicos, para uma população no recente censo de 150 mil habitantes, o que dá uma média de 1 para cada 633 pessoas, bem próximo da média nacional, e porque não dizer, da dos EUA. Mas há mais de 100 municípios na Bahia onde não reside nenhum médico.
E as razões levantadas pelo CREMEB para esta discrepância são várias, dentre elas a inexistência de um plano de carreira, cargos e vencimentos do estado, a semelhança do que acontece no Judiciário. Será que o Médico não exerce uma função social tão relevante quanto um juiz, um promotor?
Outra questão levantada é a falta de segurança empregatícia para o Médico poder exercer sua profissão com autonomia. Como não há concursos, na quase totalidade das cidades do interior, a semelhança de Jequié, o Médico é nomeado pelo gestor, ficando a sua mercê, e em muitos casos sendo descartado se o sucessor for de uma corrente política contrária ao gestor que o nomeou. Nas faculdades de Medicina, o estudante aprende a ser Médico, e não político, e tem que exercer seu papel de cuidar e salvar vidas com total autonomia e segurança.
Além disso, outras razões listadas para a carência de Médicos no interior incluem a falta de estrutura de várias cidades, sem ofertas de serviços, sem opções de lazer, sem possibilidades de o profissional manter um constante aprimoramento técnico, e sem um bom sistema de educação para os filhos.
Particularmente, acredito que Jequié tem melhorado muito nesses últimos aspectos, embora ainda esteja muito longe de oferecer todos os atrativos de uma capital, como Salvador, ou até mesmo de municípios do interior, como Feira de Santana, Vitória da Conquista e Itabuna, cidades que têm o dobro e até o triplo de Médicos do que Jequié, e com uma infra-estrutura bem mais atraente.
Mas de fato, pelo menos nos últimos 5 anos em que acompanhei de perto a cidade, a Medicina de Jequié cresceu bastante, tanto em quantidade como em qualidade, tanto na rede pública como privada, culminando com a Faculdade de Medicina da UESB.
Acredito que isso mostra que nossos gestores estiveram atentos, e que não podemos agora andar para trás, e idéias retrógradas de corte de vencimentos e de diminuição de investimentos na saúde devem ser abolidas, pois a saúde junto com a educação são o maior bem da população.
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Sonho Azul - Soneto a Vovó Criseida e ao Vovô Valnir
Várias tardes, antes do sol se por
Como fosse ontem, me lembro bem
De estar já na janela, sonhador
A espera de vê-lo passar, o trem
O Sonho Azul apontava dali
E vagão por vagão por nós passava
Eu, vovó Criseida e vovô Valnir
E aonde mais ele iria? Pensava
Mais do que só passageiro, de certo
O trem azul carregava meu sonho
E de suspiro em suspiro, esperto
Queria eu mesmo pegar o bonde
Mas ao descer a calçada, risonho...
Vi que o trem vos levou, mas para onde?
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