quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Coluna Jornal de Jequié - Super Homens?


O alerta sobre o aparecimento de uma superbactéria, resistente a quase todos os antibióticos e capaz de se espalhar pelos países do globo, suscitou o medo do surgimento de uma nova pandemia – poucos dias após o anúncio da OMS sobre o fim da pandemia de gripe A (H1N1).

Aqui no Brasil, a bactéria denominada KPC, sigla para uma enzima que torna a bactéria Klebsiella pneunoniae multirresistente à maioria dos antibióticos, não para de infectar cada vez mais pacientes. Só no Distrito Federal, ocorreram 18 mortes entre janeiro e outubro deste ano, e várias outras em outros estados brasileiros, como Maranhão e São Paulo. No território nacional, além da KPC, circulam outras bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase).

Uma das principais causas que transformam bactérias comuns como a Klebsiella, em superbactérias letais, é o uso indiscriminado e inadequado de antibióticos, tanto pelos profissionais médicos, como pela população em geral, sem indicação médica, adquiridos em balcões de farmácia sem receita. Uma prática absurda, que desde do dia 28 de outubro passado, creio eu, foi definitivamente abolida.

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou a Resolução RDC – 44/2010 que dispõe sobre o controle de antibióticos. Estes medicamentos só poderão ser vendidos nas farmácias e entregues ao consumidor mediante receita médica em duas vias, onde a 1ª via deverá ser obrigatoriamente retida no estabelecimento farmacêutico e a 2ª via carimbada e devolvida ao paciente para comprovar o atendimento.

A medida visa o controle do uso abusivo e indiscriminado dos antibióticos, além de evitar outra prática nociva, embora comum, de alguns estabelecimentos farmacêuticos, que é a troca do remédio prescrito pelo médico por outro sem comprovada eficácia.

A simples idéia de uma bactéria, um organismo unicelular, microscópico, resistente a todos os medicamentos disponíveis possa se espalhar pelo mundo, invisível, infectando e matando pessoas sem controle, deixa claro que não somos super homens, somos mais frágeis do que podemos imaginar.

E mesmo sem estarmos em situações extremas, uma simples troca de medicamento pode matar. Em muitos casos, a diferença entre o remédio e o veneno é apenas a dose.

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