quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Penumbra
Cai...
Como o grão do dia,
O vão da tarde
E gota de lua, onde a noite arde
Na miséria crua de luz,
A penumbra.
Vai,
O dia... o tempo
As coisas urgem
Ir.
Como a penumbra
Agora posta
À nudez do chão
Que não a sabe pequena...
Máscara
Proteja a dor que te assola,
Não dela, e a ela dê sustento.
Proteja, evite apenas não morreres,
E também não suportá-la fácil.
Ela, ao fim de seu recado, pendor,
Terá falido tuas mentiras
Na mascara que levas.
Libertá-lo, assim, será um bem.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Somos Mais Velhos?
Fósseis de dentes de 400 mil anos podem mudar a teoria da evolução humana, segundo arqueólogos israelenses que o encontraram. Os pesquisadores da Universidade de Tel Aviv acreditam que os dentes seriam de seres humanos modernos, tornando o fóssil a mais antiga evidência da existência de um Homo sapiens.
A teoria aceita atualmente é a de que os Homo sapiens se originaram na África há cerca de 200 mil anos antes de se espalhar pelo mundo. Os fósseis de dentes foram encontrados durante as escavações da caverna de Qesem, um sítio pré-histórico encontrado em 2000 a 12 quilômetros ao leste de Tel Aviv, em Israel. A descoberta foi relatada em um artigo publicado na revista especializada American Journal of Physical Anthropology.
Paradigmas:
Pesquisadores dizem que mais estudos são necessários. O coordenador do estudo, Avi Gopher, diz que mais pesquisas são necessárias para comprovar a teoria de seus pesquisadores, mas afirma que a descoberta tem o potencial de mudar o conceito da evolução humana.
"A datação da caverna mostra que a presença do Homo sapiens nesta parte do mundo é mais antiga do que as outras evidências que tínhamos até então", afirma Gopher. "Esta conclusão pode ser de grande importância, porque pode ser a primeira evidência para mudar alguns dos paradigmas que usamos em termos da evolução humana", diz o pesquisador.
A equipe da Universidade de Tel Aviv analisou os fósseis com raios-X e tomografias computadorizadas. A datação foi feita com base na análise da camada de terra na qual eles foram encontrados. Segundo a teoria aceita atualmente, os humanos modernos e os neandertais se originaram de um ancestral comum que vivia na África há cerca de 700 mil anos. Um grupo que migrou para a Europa se desenvolveu nos neandertais antes de serem extintos. Outro grupo, que permaneceu na África, teria gerado os seres humanos modernos, ou Homo sapiens.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
sábado, 25 de dezembro de 2010
Ausência
Tio Dedé se foi sem que eu pudesse me despedir dele.
Talvez melhor assim, pois o que eu poderia dizer a ele na hora da partida?
Só uma coisa me vem à cabeça:
- Tio Dedé, por favor, não vá.
(sim, era assim que eu o chamava – Tio Dedé, com minha voz de menino).
E o que ele poderia me dizer? Talvez me dissesse:
- Jota, eu preciso ir.
(sim, era assim que ele me chamava – Jota, com aquela sua voz inconfundível).
E aí só me restaria perguntar:
- Mas assim tão cedo, já vai pra onde?
Parece óbvio, eu sei, ninguém nunca quer que nenhum ente querido se vá.
Mas Tio Dedé era diferente.
Sim, ele era diferente porque era especial.
Boa parte das férias de minha infância eu passei lá na sua casa em Juazeiro do Norte com meus primos.
Momentos inesquecíveis, que como tais, guardo-os até hoje em minha lembrança.
Com Tio Dedé eu entendi literalmente o significado do 4º Mandamento da lei de Deus: Honrar Pai e Mãe.
Todas as noites, fazendo chuva ou fazendo lua, lá íamos nós de Juazeiro a Barbalha.
As crianças, e depois adolescentes, Djalma, Sandro, Alan e eu íamos para brincar, jogar bola, e depois paquerar.
Às vezes também ia Tia Irismar, às vezes Caroline, e depois Frank e Maiko.
Mas durante todos esses anos Tio Dedé sempre foi para visitar Vovô Chico e Vovó Dja.
Todo santo dia e todo dia Santo.
Essa abnegação, que pouco a pouco fui me dando conta, é sem dúvida nenhuma a prática mais fidedigna do 4º Mandamento da Lei de Deus.
Imagino o vazio que ele sentiu quando não pôde mais ir todas as noites para Barbalha.
Não porque não quisesse, não porque não pudesse.
Simplesmente porque Vovó Dja e Vovô Chico não estavam mais lá.
Imagino se naquela casa na Rua da Matriz de Barbalha, onde ainda hoje mora Dadá, a sala permanece preenchida com um quadro de uma foto de Tio Dedé sentado, de bigode, cabeleira preta e de olhos bem abertos.
Imagino também se aquela foto não teria um significado bem maior do que ser um simples enfeite na parede.
Creio que ela representa exatamente o que foi Tio Dedé enquanto morou em Juazeiro: um guardião incansável de seus pais.
Agora vejo que não há nada que nenhum de nós pudesse ter feito para convencê-lo a não nos deixar nesse momento.
Eu sei para onde ele foi.
Ele foi fazer o que sempre o fez feliz.
Foi visitar Vovô Chico e Vovó Dja.
- Feliz Natal Tio Dedé, aonde quer que esteja.
Do seu sobrinho,
Jota
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Sonho
Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.
Clarice Lispector
Perfeição
O que me tranqüiliza
é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição.
Clarice Lispector
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Serenata
Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.
Cecília Meireles
Volta
Conta cada conta no cambaleante desaprumo
Quando se vai sem um aonde certo, o rumo
E conta cada incerta conta, na ida ao desarrumo
No alem da conta de voltar, enfim, o escumo
Felicidade que ferve
E que clareia!
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Verdade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drumont de Andrade
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Coluna Jornal de Jequié - Apertem os Cintos...
E 2010 se finda com desagradáveis surpresas. Lá em Brasília, no apagar das luzes, os deputados se deram de presente um aumento de 61,8% no próprio salário.
Com o reajuste aprovado, o salário sobe de R$ 16,5 mil para R$ 26,7 mil. Somando-se todas as vantagens, todos os meses, o mandato de cada deputado federal custará aos cofres públicos entre R$ 116 mil a R$ 131 mil. O de senador, de R$ 130 mil a R$ 159 mil por mês. Assim, o custo anual de um senador poderá chegar a R$ 1,9 milhão.
A nova remuneração é igual à dos ministros do Supremo Tribunal Federal e será paga também à presidente da República, seu vice e todos os ministros da Esplanada. Façam as contas...
A auto-benevolência vai provocar um impacto de R$ 1,8 bilhão nas contas dos municípios na próxima legislatura, segundo cálculo da Confederação Nacional dos Municípios. Isso leva em consideração o efeito cascata do reajuste, pois deputados estaduais e vereadores terão seus salários aumentados proporcionalmente.
E para não ficar atrás, a festa de posse da nossa Presidente vai custar R$ 1,5 milhão aos cofres públicos, ou, em outras palavras, ao nosso bolso. Alguém aí foi convidado? E ainda tem gente que acha que o único palhaço é o Tiririca. Sei...
Mas se Brasília nada em dinheiro, o mesmo não acontece com Jequié, e nesse fim de ano parte do funcionalismo viveu dias de angústia, com cortes de vencimentos e atraso no pagamento de salários, coisa que há muito tempo não acontecia.
Infelizmente isso ocorreu logo na melhor época para o comércio: as compras natalinas. Se o servidor não se sentir seguro para comprar e/ou se endividar, o dinheiro não circula, o comércio não vende, não gera ISS, e diminui a arrecadação da própria prefeitura. Olha o efeito cascata aí de novo.
Se imaginarmos um governo como um vôo de avião, é de se esperar que os problemas, se ocorrerem, sejam na decolagem, quando se está na transição de governo, ainda ajustando a equipe e se colocando a par da situação; ou no pouso, quando se tem que fechar todos os pormenores. Mas com 2 anos de governo, voando em velocidade de cruzeiro, que turbulência pode ter atingido esse vôo? É bom apertarmos o cinto...
E esta fartura lá de Brasília contrastando com a secura cá de Jequié me lembrou um verso de um poeta amigo meu chamado Glads:
“E lá no céu de lá, subiram o céu além. Inconseqüente, a mais, na forma de erguê-lo, caiu o céu no chão, caiu no chão de quem, devia tê-lo em mãos, na ordem de mantê-lo. E cá, no céu de cá, no meu que toco a vida, aquém, desceram tanto, abaixo da decência, deitaram em piso sujo, sangraram a ferida, deixaram a céu aberto, exposta a decadência. Dizei-me, se puderes, você que escolheu, fazer a ponte em tempo, e foste à travessia. Caber-se-ia a culpa, do céu que não é seu, após cair a ponte, na sua companhia?”
Mas, para que não entremos no Ano Novo com remorso dessas escolhas, apelemos para Carlos Drummond de Andrade:
“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.”
Feliz Ano Novo!
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Pai
Pai,
Logo hoje eu resolvi te questionar!
Eu sei que hoje é teu dia, mas é que eu não me conformo.
Eu queria conseguir acordar cedo, como tu acordas,
Eu queria ser mais disciplinado, como tu és,
Eu queria ter coragem de tomar banho frio, como tu tens,
Eu queria ter disposição para fazer a barba todos os dias, como tu fazes.
Ah pai, eu queria ser corajoso como tu és.
Pai,
Eu queria gostar de comer verduras, como tu comes,
Eu queria não comer sal nem gordura, como tu não comes,
Eu queria nunca ter preguiça de levar meus filhos na escola, como tu nunca tiveste,
Eu queria nunca ter sono na hora de ir buscar meus filhos nas festas, como tu nunca tiveste.
Ah pai, eu queria ser disposto como tu és.
Pai,
Eu queria poder comprar uma casa grande, como a tua,
Eu queria poder transmitir aos meus filhos, toda a segurança que tu me transmites,Eu queria chegar à tua idade e poder olhar pra trás e ver minha missão cumprida, como tu vês,
Ah pai, eu queria tanta coisa,
Mas acima de tudo, eu queria ser como tu és.
domingo, 12 de dezembro de 2010
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Coluna Jornal de Jequié - Super Homens?
O alerta sobre o aparecimento de uma superbactéria, resistente a quase todos os antibióticos e capaz de se espalhar pelos países do globo, suscitou o medo do surgimento de uma nova pandemia – poucos dias após o anúncio da OMS sobre o fim da pandemia de gripe A (H1N1).
Aqui no Brasil, a bactéria denominada KPC, sigla para uma enzima que torna a bactéria Klebsiella pneunoniae multirresistente à maioria dos antibióticos, não para de infectar cada vez mais pacientes. Só no Distrito Federal, ocorreram 18 mortes entre janeiro e outubro deste ano, e várias outras em outros estados brasileiros, como Maranhão e São Paulo. No território nacional, além da KPC, circulam outras bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase).
Uma das principais causas que transformam bactérias comuns como a Klebsiella, em superbactérias letais, é o uso indiscriminado e inadequado de antibióticos, tanto pelos profissionais médicos, como pela população em geral, sem indicação médica, adquiridos em balcões de farmácia sem receita. Uma prática absurda, que desde do dia 28 de outubro passado, creio eu, foi definitivamente abolida.
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou a Resolução RDC – 44/2010 que dispõe sobre o controle de antibióticos. Estes medicamentos só poderão ser vendidos nas farmácias e entregues ao consumidor mediante receita médica em duas vias, onde a 1ª via deverá ser obrigatoriamente retida no estabelecimento farmacêutico e a 2ª via carimbada e devolvida ao paciente para comprovar o atendimento.
A medida visa o controle do uso abusivo e indiscriminado dos antibióticos, além de evitar outra prática nociva, embora comum, de alguns estabelecimentos farmacêuticos, que é a troca do remédio prescrito pelo médico por outro sem comprovada eficácia.
A simples idéia de uma bactéria, um organismo unicelular, microscópico, resistente a todos os medicamentos disponíveis possa se espalhar pelo mundo, invisível, infectando e matando pessoas sem controle, deixa claro que não somos super homens, somos mais frágeis do que podemos imaginar.
E mesmo sem estarmos em situações extremas, uma simples troca de medicamento pode matar. Em muitos casos, a diferença entre o remédio e o veneno é apenas a dose.
Amar
Que pode uma criatura senão,
entre outras criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Carlos Drumond de Andrade
domingo, 5 de dezembro de 2010
Não ser
Ah! arrancar às carnes laceradas
Seu mísero segredo de consciência!
Ah! poder ser apenas florescência
De astros em puras noites deslumbradas!
Ser nostálgico choupo ao entardecer,
De ramos graves, plácidos, absortos
Na mágica tarefa de viver!
...
Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
Sem nos dar braços para os alcançar?!...
Florbela Espanca
sábado, 4 de dezembro de 2010
Era o último amor
Era o último amor. A casa fria,
os pés molhados no escuro chão.
Era o último amor e não sabia
esconder o rosto em tanta solidão.
Era o último amor. Quem advinha
o sabor pela escuridão?
Quem oferece frutos nessa neve?
Quem rasga com ternura o que foi verão?
Era o último amor, o mais perfeito
fulgor do que viveu sem as palavras.
Era o último amor, perfil desfeito
entre lumes e vozes passadas.
Era o último amor e não sabia
que os pés à terra nua oferecia.
Luís Filipe Castro Mendes
Teu Corpo
Em cada corpo recomeça o mundo,
mas onde então acaba este começo?
Amor não sabe mais o que é profundo,
vem da pele e respira só no verso.
Passamos a toalha pelo corpo,
com o suor a enxugar a morte:
há gotas de água fria no teu rosto,
em ti meus dedos lêem sua sorte.
Um riso nos chamou, fulgor ou seta,
e o dia se refez sem mais promessa.
Nos meus dedos ficou a ferida aberta:
só no teu corpo o mundo recomeça.
Luís Filipe Castro Mendes
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Recordar é Viver... Há 10 anos...
Há 10 anos o tênis masculino brasileiro viveu sua maior glória.
Gustavo Guga Kuerten vencia a Master Cup de Lisboa e se tornava o Nº 1 o mundo.
Nesse torneio ele derrotou os melhores do mundo na época, como Magnus Norman, Yevgeny Kafelnikov, Pete Sampras e André Agassi.
Momentos inesquecíveis para o esporte brasileiro.
Coluna Jornal de Jequié: Comércio, meio e fim
Não faz muito tempo, durante uma palestra no Rotary, que falava, dentre outras coisas, que estranhava o limitado horário do comércio de Jequié.
Meu raciocínio é o mais simples possível:
Qual a finalidade de um estabelecimento comercial? Obviamente a venda. E qual o meio que ele tem para isso? Abrir as portas para permitir que o cliente que necessite ou deseje o produto vá lá comprar.
Mas aí é que está o problema: para que alguém possa comprar algo, ele deve ter dinheiro, e a forma de tê-lo é trabalhando. Mas em que horário um trabalhador pode ir ao comércio de Jequié? Em horário nenhum. E só lhe resta a compra pela internet, que nem de longe é a mesma coisa de poder ver e escolher o produto diretamente, principalmente no caso de roupas.
Surpreendentemente nosso comércio funciona estrita e literalmente no horário dito “comercial”. Durante a semana, abre às 8h, fecha ao meio dia, abre novamente às 14h e fecha ao fim da tarde, às 18h. E aos sábados fecha ao meio dia, ou apenas um pouco mais tarde. Em resumo, quem trabalha não tem tempo de ir comprar nada.
Na visão do consumidor, a expansão do horário para o comércio é fundamental, e acredito que deveria também ser na visão dos lojistas. Se olharmos ao nosso redor, esse horário expandido não é privilégio apenas da capital, visto que várias cidades do interior, algumas até menores do que Jequié, já o praticam.
Numa cidade tão quente como a nossa, em algumas épocas do ano, o horário mais agradável para as compras seria à noite. Uma boa sugestão seria adiar o retorno do almoço, ficando o funcionamento à tarde de 16 às 20h. Ou então um rodízio dos funcionários em escalas de turno.
A recém inaugurada Lojas Americanas já vai funcionar de segunda a sábado de 8 às 20h ininterruptamente, e aos domingos e feriados até às 14h. Isso já é um grande alento e começo, mas obviamente, a loja não vai suprir nem em quantidade nem em diversidade todas as necessidades da população.
O que espero é que o sucesso deste estabelecimento sirva de exemplo para vários outros, de preferência para todos os lojistas, para expandirem seu horário “comercial” e consequentemente seus negócios.
O que não é visto não é desejado, daí o sucesso dos Shopping Centers, aonde se vai passear e sempre se compra algo.
Aliás, e por falar nisso: quando Jequié vai acordar e ter o seu Shopping Center?
Nossa cidade está crescendo, e já está se tornando uma cidade universitária, somando-se à sua população, vários estudantes que aqui vêm morar, além de professores e familiares. E isso só tende a aumentar.
Já ouvi falar do shopping que começou a ser construído e não deu certo, do projeto do shopping a céu aberto que não foi à frente, de um possível shopping na Av. César Borges, mas na prática ainda não temos nenhum.
O fato de um ou outro projeto não ter dado certo, não significa que nenhum dará. Na maioria das vezes, o problema não são os aviões, são os pilotos.
Assinar:
Postagens (Atom)