terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sonho


Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

-Cecília Meireles-

É um Sonho esta Vida


É um sonho esta vida,
mas um sonho febril de um instante único.
Quando dele se acorda,
vê-se que tudo é só vaidade e fumo...
Oxalá fosse um sonho
bem profundo e bem longo,
um sonho que durasse até á morte!...
Eu sonharia com o meu e teu amor.

Amarras



"Às vezes, as correntes que nos impedem de sermos livres são mais mentais do que físicas."

domingo, 28 de novembro de 2010

Coluna Jornal de Jequié - Dengue: até quando?


O Brasil, que já teve o mosquito Aedes aegypti erradicado na década de 50, controlando assim a doença, vem agora década a década apresentando cada vez mais casos de dengue. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o número de casos em todo o mundo vem dobrando nas últimas cinco décadas. No Brasil a situação é ainda mais alarmante.

Os dados revelam que houve uma progressão no número de casos desde 2004, quando o país registrou 112 mil infectados. Em 2005, esse índice passou para 204 mil, saltando para 346 mil em 2006 e para 560 mil em 2007, representando dois terços de todos os casos registrados nas Américas. Em 2010, até o dia 16 de outubro, foram notificados 936.260 casos de dengue clássica no país, com 592 casos fatais. E eu fico me perguntando aonde vamos parar?

Em 2010, até o momento, foram notificados 50.546 casos de dengue na Bahia. Aqui em Jequié, que mal se recuperou da terrível epidemia ocorrida há 2 anos, inclusive com alguns casos fatais de dengue hemorrágica, o risco de uma nova epidemia já se torna iminente, de acordo com o LIRA (Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti) de alguns de nossos bairros.

O mosquito transmissor da doença vive nas áreas urbanas, e nos períodos de chuva, encontra nos objetos que acumulam água o local ideal para se reproduzir e assim transmitir o vírus da dengue ao ser humano, deflagrando a cada ano uma nova epidemia.

São quatro tipos de vírus causadores da doença, e a cada epidemia um, ou até alguns dos tipos se manifestam. Esse fato impede, até o momento, o desenvolvimento de uma vacina, que estimularia o organismo a produzir anticorpos contra um ou dois tipos de vírus, mas o deixaria vulnerável aos outros, e susceptível ao desenvolvimento da dengue hemorrágica.

Assim, uma mudança no programa de controle da doença por parte do poder público aliada a uma grande mobilização da sociedade é a principal forma de evitar novas epidemias. Em grande parte dos casos, o foco da doença é na própria casa do doente, fato que poderia ser evitado por ele mesmo ou por sua família.

A melhor maneira de combater a dengue é não deixar o mosquito nascer. Para isso, é preciso acabar com os criadouros. Nunca deixe água, mesmo limpa, ficar parada em qualquer tipo de recipiente, como garrafas, pneus, bacias, etc. Lave bem os pratos dos vasos de plantas, passando um pano ou bucha para eliminar os ovos dos mosquitos e coloque areia nos recipientes.

Elimine ou mantenha os pneus que estão fora de uso em lugar coberto. Guarde as garrafas vazias de cabeça para baixo, jogue no lixo copos descartáveis, tampinhas de garrafa, latas e tudo o que acumule água. Mantenha o lixo sempre fechado.

Trate a água da piscina com cloro. Limpe uma vez por semana. Se não for usá-la, cubra bem. Mantenha as caixas-d'água, cisternas, tambores, poços e outros depósitos de água sempre bem fechados.

Prevenir é a melhor forma de tratamento. Devemos ter em mente que cuidando apenas da nossa casa, do nosso quintal, já estamos cuidando da nossa saúde, da saúde dos nossos filhos, da nossa família e dos nossos vizinhos.

sábado, 20 de novembro de 2010

Além de Nós



E se te perguntarem meu amor
O que somos nós, além de nós...

Somos o mundo e o infinito
Além de sermos lugar algum
Somos dueto nunca finito
Além de sermos apenas um

Somos os sonhos dos que agora dormem
Além dos olhos dos que já acordaram
Somos tudo isso e mais, e além
Do bem de todos que já se amaram

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Coluna Jornal de Jequié - A Realidade Médica


No último mês de outubro, quando da passagem do dia do Médico, tive a oportunidade de ler várias revistas, jornais e artigos, versando sobre a realidade da Medicina no Brasil, e mais especificamente na Bahia.

Interessante e elucidante reportagem da revista Vida e Ética do CREMEB, revela que no Brasil somos cerca de 330 mil médicos, e como a população brasileira está em torno de 190 milhões de habitantes, dá uma média de 1 médico para cada 578 pessoas, muito próxima da dos Estados Unidos, que é de 1 para cada 411 pessoas, o que mostra que o Brasil não está assim tão defasado em termos numéricos em relação a um país de 1º mundo, parâmetro em Medicina no mundo.

Em relação a Bahia, somos 15.500 profissionais, o que representa uma média de 1 médico para cada 961 pessoas, de uma maneira geral. O problema reside, segundo a matéria, na distribuição dos Médicos.

De fato, pelos números apresentados, 66% deles trabalham em Salvador e região metropolitana, onde residem 3,8 milhões de pessoas, e apenas 34% atuam no interior da Bahia, onde moram mais 14,6 milhões de habitantes.

Em Jequié atuam 237 médicos, para uma população no recente censo de 150 mil habitantes, o que dá uma média de 1 para cada 633 pessoas, bem próximo da média nacional, e porque não dizer, da dos EUA. Mas há mais de 100 municípios na Bahia onde não reside nenhum médico.

E as razões levantadas pelo CREMEB para esta discrepância são várias, dentre elas a inexistência de um plano de carreira, cargos e vencimentos do estado, a semelhança do que acontece no Judiciário. Será que o Médico não exerce uma função social tão relevante quanto um juiz, um promotor?

Outra questão levantada é a falta de segurança empregatícia para o Médico poder exercer sua profissão com autonomia. Como não há concursos, na quase totalidade das cidades do interior, a semelhança de Jequié, o Médico é nomeado pelo gestor, ficando a sua mercê, e em muitos casos sendo descartado se o sucessor for de uma corrente política contrária ao gestor que o nomeou. Nas faculdades de Medicina, o estudante aprende a ser Médico, e não político, e tem que exercer seu papel de cuidar e salvar vidas com total autonomia e segurança.

Além disso, outras razões listadas para a carência de Médicos no interior incluem a falta de estrutura de várias cidades, sem ofertas de serviços, sem opções de lazer, sem possibilidades de o profissional manter um constante aprimoramento técnico, e sem um bom sistema de educação para os filhos.

Particularmente, acredito que Jequié tem melhorado muito nesses últimos aspectos, embora ainda esteja muito longe de oferecer todos os atrativos de uma capital, como Salvador, ou até mesmo de municípios do interior, como Feira de Santana, Vitória da Conquista e Itabuna, cidades que têm o dobro e até o triplo de Médicos do que Jequié, e com uma infra-estrutura bem mais atraente.

Mas de fato, pelo menos nos últimos 5 anos em que acompanhei de perto a cidade, a Medicina de Jequié cresceu bastante, tanto em quantidade como em qualidade, tanto na rede pública como privada, culminando com a Faculdade de Medicina da UESB.

Acredito que isso mostra que nossos gestores estiveram atentos, e que não podemos agora andar para trás, e idéias retrógradas de corte de vencimentos e de diminuição de investimentos na saúde devem ser abolidas, pois a saúde junto com a educação são o maior bem da população.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sonho Azul - Soneto a Vovó Criseida e ao Vovô Valnir


Várias tardes, antes do sol se por
Como fosse ontem, me lembro bem
De estar já na janela, sonhador
A espera de vê-lo passar, o trem

O Sonho Azul apontava dali
E vagão por vagão por nós passava
Eu, vovó Criseida e vovô Valnir
E aonde mais ele iria? Pensava

Mais do que só passageiro, de certo
O trem azul carregava meu sonho
E de suspiro em suspiro, esperto

Queria eu mesmo pegar o bonde
Mas ao descer a calçada, risonho...
Vi que o trem vos levou, mas para onde?

Renascimento


Revejo-me em ti, renasço criança
No teu choro faminto, no sorriso
Sincero, e vindo a mim a lembrança
Da infância, de que mais eu preciso?

De te apoiar sempre e a cada passo
Ouvir-te a primeira palavra dita
Ver-te desenhar o primeiro traço
E te dar meu abraço. Mas evita

As pedras, no caminhar de menino
Pois um dia então tu serás homem
E esse é o nosso grande destino

E tudo isso na exata medida
Do tempo, senhor de si e tão bem
Naquilo que se conhece por vida

domingo, 14 de novembro de 2010

Andança



Vem!
Pega a minha mão
E deixa que eu te guie.
Força,
Tuas pernas já estão fortes
E tu consegues:
Levanta-te e anda...

Vem.
Dá-me tua mão
E me guia.
Calma,
Minhas pernas já estão fracas
E não consigo:
Levanta-me e ampara-me...

sábado, 13 de novembro de 2010

Infinitude


Tens ainda tenra idade
E passo os olhos sobre ti
És pra mim a eternidade
E o jeito que achei para seguir

Em frente, sempre, pois temos
Todos que vivemos, um desejo
De que um dia nos eternizemos
Num filho, num abraço, num beijo

Eu te dei a vida, mas não posso
Vivê-la por ti, mas o mundo teu
Infinito, será sempre nosso

E assim nos passos teus
Serei tu e serás eu
Meu pequeno-grande Matheus

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mares da Lua



Se você for um astrônomo amador, ou simplesmente um amante do céu, aproveite as próximas noites dessa semana, que serão os melhores momentos para se olhar a superfície lunar com binóculos ou um pequeno telescópio.

A Lua estará em sua fase chamada quarto crescente. Nesta fase, o sol está “caindo” sobre o lado esquerdo da Lua (no Hemisfério Sul). Ao longo da linha que divide o dia e a noite na Lua, as sombras são longas, e as características da sua superfície vão se destacar.

Desde os menores até os maiores traços da Lua vão poder ser observados. Por exemplo, planícies escuras de lava antiga, conhecidas pelo nome latino de “Maria”, são uma das atrações.

Os primeiros astrônomos não sabiam que a lua não tinha atmosfera. Eles pensavam que estas grandes planícies sem vida eram mares e oceanos. No quarto crescente, três marias (“mares”) dominam a superfície da lua. De norte a sul, elas são: o Mar da Serenidade, o Mar da Tranquilidade e o Mar de Néctar. Entre os dois primeiros, na borda da Lua, fica a menor delas, o Mar da Crise.

Durante o quarto crescente, é possível observar como as planícies maria tendem a se concentrar na metade norte da Lua, enquanto na metade sul há mais planaltos, salpicados de crateras. Há muito tempo atrás, no norte, fluxos de lava de maria inundaram crateras antigas.

Todas as crateras na Lua foram nomeadas, principalmente com nomes de antigos astrônomos. No quarto crescente, uma das crateras mais espetaculares de se observar é Maurolycus. Ela tem 114,26 quilômetros de diâmetro e cerca de 4,83 quilômetros de profundidade, e seu nome é uma homenagem a um matemático italiano do século 16 que se opunha à teoria de Copérnico.

Também na ponta do extremo norte da Lua há um interessante par de crateras, que levam o nome de dois homens míticos, Hércules e Atlas. Hercules tem 69,2 quilômetros de diâmetro. Atlas tem 86,9 quilômetros de diâmetro, e uma superfície plana cortada por “riachos”, que são restos de lava.

Uma dica de observação é se concentrar em uma cratera em particular e assistir o sol nascer sobre ela. No início, a cratera será envolta por sombras. Em seguida, um feixe de luz solar vai iluminar seu pico central e a parede oposta. Gradualmente, à medida que o sol nascer, mais e mais da cratera será revelado.

É bom aproveitar essa época para observar todas essas características da Lua. Se na noite seguinte você tentar encontrar todos os detalhes que você foi capaz de ver no dia anterior, você vai se surpreender ao descobrir que quase nada será visível. Isso acontece porque a topografia da Lua é muito delicada, e tais características só se revelam quando estão iluminadas pelos raios do sol nascente ou poente. Então pegue seu binóculo, e corra para o quintal.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sê Grande


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Coluna Jornal de Jequié: Nós, Nordestinos



A eleição de Dilma Rousseff desencadeou uma onda inadmissível, mas nem tão surpreendente assim, de preconceito contra os Nordestinos desse nosso Brasil. Ou seria xenofobia?

"Nordestino não é gente. Faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado", escreveu a estudante de Direito Mayara Petruso em seu perfil no Twitter. E daí seguiu-se os mais variados absurdos, disseminando um ódio injustificável contra nós, Nordestinos.

Mas apesar de tudo, não achei surpreendente estas declarações. Surpreendeu-me sim, sua motivação fútil e sua repercussão na mídia mundial. O preconceito sempre existiu, e a moça só fez escancarar. Pois desde que o Brasil é Brasil, sofremos historicamente com isso. Ou não foi assim?

Para não nos alongarmos muito, lembremos apenas da política do café-com-leite, um acordo de revezamento do poder nacional executada na República Velha entre 1898 e 1930, onde os presidentes se alternavam entre os estados de São Paulo - mais poderoso economicamente devido à produção de café - e Minas Gerais - maior pólo eleitoral do país da época e produtor de leite.

Assim, o Federalismo no Brasil funcionava diferente de todo o mundo: o poder estava concentrado apenas em dois Estados da Federação. Não é difícil imaginar o que aconteceu, e o preconceito foi o menor dos nossos problemas à época.

Ao manter para si toda riqueza gerada, São Paulo, mais ainda que Minas Gerais, investiu fortemente em sua infra-estrutura e cresceu assombrosamente, financiando seu próprio sucesso através de empréstimos, depois pagos pelo Governo Federal do gaúcho Getúlio Vargas.

O mesmo não ocorreu com outros estados, especialmente no Nordeste, ainda mais empobrecidos devido à fraca distribuição de recursos por parte do Governo Federal. Assim, passaram a fornecer migrantes (Nós, Nordestinos!) para o estado de São Paulo e para outros da região Sudeste. As cicatrizes desta política foram profundas e determinam até hoje o andamento do país. Pois como visto, esta realidade não mudou.

Apenas a título de curiosidade, José Serrá é paulista e Dilma Rousseff é mineira!

Cara paulista Mayara, se um dia tu ti formares, como gente, principalmente, poderás dizer que és colega do baiano Ruy Barbosa, grande jurista brasileiro. Ou do cearense Clóvis Beviláqua, o maior jurista do Brasil, que escreveu, pasma, o Código Civil Brasileiro, este mesmo que tu estudas. Ou pelo menos deverias.

Um pouco de cultura também cairia muito bem. Lê o baiano Jorge Amado, o alagoano Graciliano Ramos, o pernambucano João Cabral de Melo Neto, os cearenses Rachel de Queiroz e José de Alencar, o paraibano José Lins do Rego, e tantos outros.

Mas o fato, a despeito de toda imbecilidade da declaração da universitária paulista Mayara Petruso, é que ela não sabe nem fazer conta. Dilma Rousseff ganharia a eleição com ou sem o Nordeste. A imensa maioria de votos que ela teve por aqui só fez aumentar a diferença já obtida por lá.

Mas não escrevo este texto para falar de política, nem fazer apologia a nenhum candidato. Nem para criar uma onda de repúgio ou “vingança” contra os paulistas que elegeram deputado um palhaço Nordestino com mais de 1 milhão de votos.

Somos todos Brasileiros e escrevo apenas para citar Euclides da Cunha em Os sertões: "O Sertanejo é antes de tudo um forte".

sábado, 6 de novembro de 2010

Coluna Jornal de Jequié: Agora é Dilma


E no último dia 31 de outubro o Brasil elegeu sua nova Presidente da República para os próximos 4 anos: Dilma Rousseff, ex-ministra da Casa Civil do governo Lula, e herdeira de seu legado.

Dilma, como ficou conhecida durante toda a campanha, ao assumir a Presidência em 1º de Janeiro de 2011, terá, parafraseando o próprio Presidente Lula, uma maioria nunca vista na história deste país na Câmara e no Senado Federal. Em números, 60% dos Deputados Federais e 70% dos Senadores são das coligações que a elegeram. E esse número só tende a aumentar.

No executivo, Dilma também terá o apoio de 16 dos 27 governadores do país. No Brasil, os estados têm ampla autonomia, mas o apoio dos Governos estaduais ao chefe de Estado é considerado vital devido à capacidade que os governadores têm de aglutinar o apoio dos senadores e deputados de seus respectivos estados sem importar o partido.

E essa maioria é mais do que suficiente para Dilma mudar até a Constituição Federal. Se por um lado, é temeroso termos um governo com tantos poderes e quase sem oposição, por outro, acreditando que Dilma é do bem, ela tem nas mãos uma oportunidade que nenhum Presidente teve até agora de realizar as já tão anunciadas reformas necessárias ao crescimento do país.

O Brasil é uma nação em franca emergência e ascensão, que atravessa o melhor período econômico de sua história. Desde o advento do Plano Real em 1994, no governo Itamar Franco, conseguiu controlar a inflação, estabilizar a economia e valorizar sua moeda. E hoje colhemos os frutos.

E se em time que está ganhando não se mexe, Dilma deverá manter, pelo menos inicialmente, a equipe econômica, com Guido Mantega e Henrique Meirelles. A economia mundial vive em constante transformação, e há que se estar atento diariamente aos seus desafios. Assim, atravessamos a crise econômica mundial de 2008, sem maiores conseqüências.

Um dado importante é que Dilma venceu as eleições em todos os estados do Nordeste e na maioria do Norte. Se considerarmos que estados como a Bahia e o Ceará, por exemplo, elegeram o Governador e os dois Senadores de sua coligação, além de lhe darem uma maioria esmagadora dos votos, podemos imaginar e ter a esperança que ela nos olhe, pelo menos, com bons olhos e gratidão.

Se observarmos ainda que o PMDB é o principal aliado do PT no Governo Federal, Jequié tem tudo a seu favor para crescer. Pedimos então todo o empenho possível (e impossível) dos nossos governantes e representantes da esfera municipal, estadual e federal para unir forças, mais do que nunca, para aproveitarmos tão propício momento político e econômico em benefício de nossa Jequié.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Planetas Opostos



Essa cena belíssima que vemos retratada na foto é, acredite se quiser, o nosso Sistema Solar. No fim de setembro, dois dos planetas do sistema estavam em posições opostas, como você pode ver.

Júpiter e Urano são dois gigantes gasosos e na imagem estão acompanhados por suas respectivas luas. Urano está esverdeado, na esquerda da foto. Das cinco maiores luas do planeta, duas estão visíveis na foto: Oberon e Titania – os dois descobertos no século XVIII pelo astrônomo John Herschel e nomeados em homenagem a dois personagens de Shakespeare, em “Sonho de uma noite de verão”. Oberon está para esquerda enquanto Titania está mais próxima ao planeta.

No lado direito da foto está o enorme Júpiter, cercado por seus quatro satélites descobertos por Galileu – Calisto é o mais distante, juntamente com Europa e Io, todos do lado esquerdo. Ganimedes é o único satélite que fica no lado direito.

Nebulosa Matusalém



A Nebulosa Methuselah (você também pode conhecê-la como “Matusalém”) fica a 4500 anos luz de distância, na constelação do Cisne.

Ela é uma das maiores nebulosas planetárias que conhecemos – ou seja, ela é uma emissão de gás que foi ejetada de uma estrela na fase final de seu período ativo. Você até pode estranhar o nome “planetário” já que a nebulosa não tem, diretamente, nada a ver com planetas. É que os primeiros avistamentos desse tipo de estrutura espacial surgiram no século XVIII e, como os telescópios da época não eram muito sofisticados, elas foram confundidas com planetas a princípio.

A Methuselah tem 15 anos luz de comprimento e, de acordo com sua taxa de expansão, astrônomos estimam que ela tenha a idade de 150 anos. As nebulosas planetárias normalmente só duram de 10 a 20 mil anos (que é um piscar de olhos para estruturas que têm a idade normal de 10 bilhões de anos), já que acontecem porque sua estrela central está virando uma “anã” quente e, eventualmente, ela para de liberar o material que forma a nebulosa.

Constelação de Orion



Órion, a constelação do caçador, se encontra em uma enorme nuvem cósmica de hidrogênio, a 1500 anos luz de distância de nós.

A foto retrata Órion da cabeça aos pés (os pés estão na direita e a cabeça na esquerda). A Grande Nebulosa de Órion, a maior estrutura de formação de estrelas da região, se localiza quase no centro da imagem. As três estrelas que formam o cinturão de Órion, como você pode imaginar, estão no centro da imagem.

Você também pode encontrar a gigante vermelha Betelgeuse na esquerda e a estrela Rigel, azul e brilhante, no seu “pé esquerdo”. Conseguimos ver essas formações a olho nu, porem as nuvens de poeira espacial retratadas na imagem são muito mais difíceis de serem capturadas e, até mesmo, fotografadas.

Cometa Hartley II



A sonda “Impacto Profundo” da Nasa conseguiu tirar fotos incríveis do cometa Hartley II enquanto ele passava perto da Terra. Foi o quinto cometa já “visitado” por uma sonda.

Essas imagens foram tiradas a 700 km de distância do cometa – enquanto o Hartley passava a quase 800 mil quilômetros da Terra. Para isso, a sonda foi colocada no piloto automático e deveria perseguir o segundo objeto mais brilhante a vista (como a sonda estava próxima ao cometa, excluindo-se o Sol, ela seguiu o Hartley) tirando fotos.

Cometa Hartley II e a Nebulosa do Coração


O incrível cometa Hartley II está passando pelos céus da Terra. Essa foto foi tirada alguns dias antes de sua aproximação, perto da constelação de Cassiopéia. Você pode ver o cometa no canto esquerdo – a luz mais esverdeada.

Do lado direito fica a nebulosa Coração (IC 1805)– sua cor avermelhada vem do gás hidrogênio que ela libera.

No dia 20 de outubro o cometa alcançou o ponto mais próximo da Terra de sua rota – passando apenas a 17 milhões de quilômetros do nosso planeta.

Para conseguir essa foto incrível e para “congelar” o movimento do cometa, uma exposição de cinco minutos foi necessária. Isso quer dizer que o obturador da câmera responsável pela foto precisou ficar aberto todo esse tempo para capturar todos os detalhes da foto.

Cometa Hartley II e a Nebulosa Pacman



O pequeno cometa Hartley II (não confunda com o Halley) fez sua aparição nos céus terrestres em outubro – principalmente no dia 20, quando esteve mais próximo ao planeta. Com uma órbita relativamente pequena, de seis anos, o Hartley II pode ficar visível até mesmo a olho nu, se o céu estiver limpo e se as luzes de sua cidade não interferirem na escuridão da noite.

Nessa imagem incrível do telescópio, ele aparece à direita, com uma espécie de aura verde e com uma cauda, marcando sua trajetória. Normalmente a cauda não é tão definida, mas como a foto teve uma hora de exposição (ou seja, para que a imagem fosse gravada demorou uma hora), a trajetória dele ficou marcada, por causa do movimento. Então a marca gravada pela foto é o quanto ele se moveu nesse período.

O Hartley II divide a cena com a nebulosa NGC 218, conhecida pelo seu apelido de “Nebulosa Pacman”.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Cometas, fontes de vida na Terra?



Recentemente, cientistas encontraram evidências de que os cometas não só podem ter destruído vidas através de impactos catastróficos, como podem ter ajudado a vida na Terra através do fornecimento de moléculas vitais como a água.

Os cientistas esperam compreender mais sobre os cometas e essas possibilidades a partir do encontro com o cometa Hartley 2, que passa pela Terra hoje (4 de novembro).

Os cientistas acreditam que a Terra foi fundida quando se formou, há 4,6 bilhões de anos. Ela teria permanecido assim durante os primeiros 50 a 100 milhões anos. Tal calor também sugere que o planeta estava seco.

Quando surgiu a água na Terra, então? Que tipo de coisa carregada com a água poderia ter atingido a Terra? Os cometas são a resposta óbvia. Esses pedaços gigantes de gelo, juntamente com asteróides rochosos, que são os restos da formação do sistema solar, podem ter trazido água a Terra.

Além disso, os astrônomos descobriram que as superfícies de cometas aparentemente são revestidas com compostos orgânicos, sugerindo que eles também podem ter fornecido outros ingredientes essenciais para a vida.

Porém, isso começou a mudar há 15 anos. Os cientistas resolveram observar níveis padrões de átomos de hidrogênio e de deutério, que tem um próton e um nêutron em seu núcleo. Os índices de deutério e hidrogênio observados em quatro cometas são maiores do que os encontrados nos oceanos da Terra. Se os oceanos fossem criados por cometas, estes índices deveriam ser os mesmos.

Alguns pesquisadores começaram a procurar outras fontes plausíveis de água e de vida na Terra. Simulações de órbitas no Sistema Solar sugeriram que os asteróides seriam uma melhor fonte do que os cometas, que geralmente ficam mais longe.

O cinturão de asteróides fica mais perto, um pouco além da órbita de Marte, enquanto o cinturão de Kuiper (dos comentas) está além da órbita de Netuno, cerca de 30 a 40 vezes a distância que a Terra está do sol. Além disso, materiais orgânicos como os aminoácidos foram detectados nas partes externas do cinturão de asteróides.

Em alguns asteróides, a proporção de deutério para hidrogênio é compatível com a encontrada nos oceanos da Terra. Além disso, cometas foram descobertos no cinturão de asteróides em 2006.

De qualquer forma, ainda não existe resposta certa para tal problema. Os contratempos são muitos. Em primeiro lugar, não se pode afirmar que a água dos oceanos manteve as mesmas taxas de deutério e hidrogênio ao longo do tempo, sendo que características geológicas poderiam ter alterado estas relações.

Também, enquanto os cometas de curto período vêm do cinturão de Kuiper, cometas de longo período (aqueles que levam mais de 200 anos para completar uma órbita) vêm da Nuvem de Oort, ainda mais distante, e as razões de deutério para hidrogênio desses cometas não foram medidas.

Outra possibilidade é que a Terra não era tão seca quando se formou. Sendo assim, especialistas palpitam que os oceanos da Terra podem ter sido formados com a contribuição de três elementos: cometas, o cinturão de asteróides, e o material primordial. A questão é descobrir qual foi a maior fonte.

Assim, o encontro com Hartley 2 pode ajudar a determinar se os cometas antigos forneceram água e ingredientes para a vida na Terra. A nave NASA chegará 698 km do cometa. Ao contrário dos outros quatro cometas que as naves espaciais estudaram, o núcleo ou centro de Hartley 2 deve ter sido mais facilmente afetado por quaisquer eventos que ajudaram a moldar os cometas após a formação do sistema solar.

Comparar Hartley 2 com os quatro outros maiores cometas deve ajudar a entender as propriedades dos cometas que semearam a Terra no seu início. A ideia é entender como eles podem ter mudado ao longo do tempo, para descobrir como eles eram no passado.

Eclipse Solar




O Observatório Solar Dynamics (SDO), da Nasa, capturou essa imagem incrível quando a Lua passou entre ela e o Sol. O eclipse é parcial, mas mesmo assim tem um efeito muito bonito.

Cientistas acreditam que a imagem vai além da beleza – eles pretendem usá-la para entender como a difração pode alterar a “visão” dos telescópios e corrigir esse efeito.

A bordo do SDO está o Instrumento de Imagens Heliosísmicas e Magnéticas , que, como o nome já diz, mede campos magnéticos assim como ondulações na superfície do Sol causadas pela zona de convecção da estrela. Esses dados ajudam os astrônomos a compreender a influência do Sol sobre a Terra.

O SDO foi lançado pela Nasa em fevereiro desse ano, a bordo da Atlas V.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Escolha



Prefiro estar perto dos olhos que vejo
                 e esquecer os que imagino haver.
Prefiro perceber a força real,
                contra a que julgo possuir.

Prefiro ficar às bocas da aldeia, onde escuto,
                a viver no silencio da aridez periférica,
                distante e conformada.
Prefiro sorver o mel das mãos à mão,
               que pedi-lo longe,
               onde talvez não haja flor que o envie.

Prefiro um mundo próximo ao céu,
               rústico, grosseiro e de pouca gente,
               ao céu que imagino céu,
               mas muito longe dos olhos de Deus.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Coluna Jornal de Jequié: A Criança Respiradora Bucal

A respiração pelo nariz é uma respiração fisiológica, natural e nos proporciona saúde e bem estar. Além disso, o nariz funciona como um filtro, umidificando e aquecendo o ar inspirado, protegendo assim o pulmão de receber diretamente as impurezas do ar.

Caso a respiração ocorra pelo nariz e boca ao mesmo tempo ou só pela boca (respiração bucal de suplência), sérias conseqüências poderão ocorrer. Se esta situação se arrastar desde a mais tenra infância, as alterações decorrentes irão influenciar negativamente no crescimento da criança de forma mais intensa.

A obstrução nasal na criança é um sintoma freqüente e ocasiona na maioria dos casos a “respiração bucal de suplência”, que não deve ser considerada uma alternativa normal, mas sim uma doença. Durante o dia, a criança permanece sempre com o nariz entupido e a boca aberta. À noite apresenta roncos, sono agitado e sialorréia (baba no travesseiro). Como não dorme bem, geralmente apresenta agitação e falta de concentração, que podem levar a um fraco desempenho escolar.

O desenvolvimento e crescimento da face dependem de uma respiração nasal normal. Assim, se a criança respira pela boca, pode desenvolver alterações dentárias e faciais, que se não tratadas a tempo, podem ser irreversíveis. Estas alterações acarretam a chamada “fásceis adenoideana”, caracterizada pela boca entreaberta, lábio superior levantado, narinas estreitas, fisionomia inexpressiva, tendência a babar, protusão de incisivos superiores (criança dentuça), mordida aberta e má oclusão dentária na adolescência.

Além disso, como o ar não passa pelo nariz, ele não é aquecido, filtrado e umidificado adequadamente, passando pelas vias aéreas de maneira inadequada. Assim, é comum a criança apresentar ressecamento da boca e crises de garganta de repetição.

Normalmente, o respirador bucal prefere alimentos macios e moles, e ainda acompanhados de água, sucos ou refrigerantes. Desta forma, a refeição torna-se mais rápida e menos cansativa, pois facilita a mastigação e deglutição. Por outro lado, a mastigação alterada, executada com os lábios abertos, é rápida, ruidosa e desordenada, pois é difícil respirar pela boca quando ela está cheia.

As causas da respiração bucal na criança são várias, sendo as mais freqüentes as rinites e a hipertrofia (aumento) das amigdalas e adenóides. Crianças que apresentam estes sinas e sintomas devem ser avaliadas com exame otorrinolaringológico completo para o seu diagnóstico precoce.

O tratamento adequado, que muitas vezes é realizado de maneira multidisciplinar, com participação do Pediatra, do Otorrino, do Ortodontista e da Fonoaudióloga, possibilitará o seu crescimento e seu desenvolvimento normal.

Cadê Você?




Agora
O sol há de esfriar no mar, sua sangria.
Sem derramar a dor, nem gota, no fim do dia.
O sol, que avista o mar.
O mar que o quer, exausto.
A tarde se desmancha lá, no fim do mar.
O sol caiu no mar, bem devagar,
Adormeceu!
E eu...

E eu?

A noite apareceu
Sem taça, ou boca de carmim.
Vazia, e o fim da tarde aborda a alma
Minha,
Estou entristecido, entristeci o mundo.
A vida vive assim, de morrer no fim do dia.
E na noite que é a vida morta,
Cadê você?