sábado, 4 de setembro de 2010

Coluna Jornal de Jequié: Nós, os Palhaços e os Políticos



Recebi um e-mail de um amigo com um vídeo do You Tube, da propaganda eleitoral do candidato Tiririca para o cargo de Deputado Federal por São Paulo. Seria até engraçado, se a palhaçada não fosse verdade. O vídeo, pelo menos em mim, provocou uma série de sensações.



A primeira, e imediata, é de revolta. Como pode alguém fazer tanta chacota, tratar com tanto deboche, uma coisa tão séria como a política?

Atualmente quando se pensa em política, logo vem em mente um conceito distorcido de sua definição, ou seja, a idéia de que a política se restringe a alguns homens que governam ou que exercem algum tipo de influência ou poder sobre o país. Pela desgastada imagem de nosso país de governantes corruptos, a sociedade tem desenvolvido uma visão crítica, mas de certa forma errada, por considerar a política apenas como um antro de corrupção e enriquecimento ilícito. O voto, que era para se entender como um direito, passou a se entender como um dever ou uma obrigação, causando até repulsa pela maioria que pensa dessa forma. E surgiu assim o chamado “voto de protesto”, onde a população, por algum motivo, resolve escolher e eleger um candidato ao estilo Tiririca para se fazer representada no Município, Estado ou Nação.

Todavia a política é uma virtude, e ao contrário do que o senso comum discute, esta ciência tem como principal função dar ao cidadão a oportunidade de exercer de seus direitos, englobando a busca de um mundo justo e dos seus valores éticos e morais. Sócrates e Platão já cultuavam a certeza de que só se constrói uma sociedade que visa o bem geral através da política. E aí imediatamente me lembro de Aristóteles, que dizia que o homem é um animal político.

E lembro-me também que vivemos em um país democrático. Democracia é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos pelo voto. E todos, até os palhaços, que tiverem ficha limpa, idade suficiente e se enquadrarem na legislação eleitoral, podem se candidatar a qualquer cargo político.

E assim, paradoxalmente, a segunda sensação que me causa é de alívio. O Tiririca, como candidato, é a prova de que vivemos em um país democrático. E isso é de causar alívio em qualquer um.

E a terceira e última sensação que tive, foi de dúvida. Já que comecei me revoltando, após ver o vídeo, o que me fez refletir sobre a política de nosso país, e depois me senti aliviado por morar num país democrático, não estaria eu sendo injusto com o Tiririca?

Em outras palavras, o que é pior: ter um palhaço na política, ou um político que nos faz de palhaços?

Por esses motivos a reflexão da política deve ser incentivada, para que possamos ser cidadãos presentes, atuantes, e lutar por melhorar cada vez mais nossa cidade, nosso estado e nosso país.

Portanto caro amigo leitor, exerça seu direito de voto, vote consciente, analise o que cada candidato já fez e pode fazer por sua cidade, por seu estado, por seu país. O seu direito de voto é inalienável.

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